O “Rapaz do Mini”
Foi no dia 11 de Março de 1975. Tudo começou ainda de manhã. Ditos, boatos. “É a reacção”. “São os comunas”. “Há tiros”. “É no Ralis”. “Pára-quedistas” “Spínola”. ...
Não era a primeira vez que coisas destas aconteciam. A partir do já então célebre 28 de Setembro (1974), as ameaças e boatos do que uns chamavam “intentonas” e outros “inventonas” sucediam-se. Seria mais uma ? Seria necessário ir, mais uma vez, buscar as crianças às escolas e levá-las para casa ?
Nos empregos, os telefones não paravam. Pequenos rádios a pilhas agitavam-se colados aos ouvidos. Os “controleiros” do PC andavam num virote. Surgiram piquetes de voluntários a revistar as malas das mães que saíam apressadas, na tal tentativa de ir buscar os filhos às escolas.
“ Parece que sim, que há qualquer coisa. Até mortos. Para os lados do aeroporto”.
Já não havia dúvidas. Havia mortos, no Ralis.
Morreu o Soldado Luís, atingido pelos aviões da base já não sei das quantas. O Spínola fugiu para Espanha de helicóptero. O Sanches Osório também desapareceu. Com a secretária. Não há dúvidas. Foi um golpe da reacção.
A História do 11 de Março ainda está por fazer. Muita coisa já se escreveu, mas tudo está ainda muito pouco claro. E a quem interessa que assim fique ?
Só mais tarde se começou a saber a notícia do “rapaz do Mini”. Afinal havia mais um morto. Como foi ? ninguém sabia. Corriam as versões mais díspares.
Mas, começaram a chegar notícias do estrangeiro. As televisões tinham mostrado.
Lá fora. Porque a nossa RTP ... moita !
Só muitos anos depois vi o filme que, no estrangeiro, foi mostrado nas televisões de 10 em 10 minutos. E vi-o uma vez. Que a RTP continua a guardá-lo ciosamente. Não é coisa que surja, nem mesmo em dias de comemorações festivo-revolucionárias.
O que se vê no filme conta-se em poucas linhas: à porta do Ralis soldados de camuflado e G-3 nas mãos agitavam-se dando e cumprindo ordens que não se entendem. De súbito, surge um Mini – a cor, ninguém sabe, que a televisão ainda era a preto e branco – abranda, e para.
À porta.
Dentro, no lugar do condutor, um rapaz, que só se vê de costas. A sua lado uma rapariga – a namorada, disse-se depois. Não chegam a sair do carro. Os soldados aproximam-se e dão-lhe ordem para seguir em frente, agitando as mãos. O Mini põe-se
Mais nada.
Foi tudo filmado. A RTP estava lá. Aliás esteve lá sempre, desde o princípio. Não se vêem caras (ou pelo menos a versão que a RTP difundiu não as mostra). Mas ouvem-se as vozes e vêem-se figuras, pelo que e os autores são absolutamente identificáveis. E as testemunhas são inúmeras.
Mas ...
Quem era o “rapaz do Mini” ?
Quem o assassinou ?
Quem deu as ordens ?
Porquê ?
Durante uns tempos ainda houve jornais – O Diabo foi um deles, mas não o único – que tentaram pegar no assunto. Sem qualquer êxito. Todas as portas permaneceram fechadas. Nenhuma boca se abriu. E ai de quem falasse no assunto, que era imediatamente acusado de estar “feito” com a “reacção”.
O QUE SERÁ QUE ESTÁ POR DETRÁS DESTA HISTÓRIA ???
O rapaz morreu. Era jovem. Tinha um Mini. E uma namorada.
É TUDO.
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