Aos 29, quarta feira de trevas pelas 7 ½ da manhã rompe o inimigo as linhas, e entra no Porto, entregando a cidade ao saque. Nada admira que um exército regular de 22 mil homens tomasse uma cidade de fronteiras tão extensas, que suposto intrincheirada e guarnecida de artilharia, não tinha de guarnição mais que 25 mil homens pela maior parte paisanos e milícias, e estes em uma total insubordinação a seus chefes nascida da imprudente desconfiança, ou mais ainda da malevolência e ressentimentos particulares. Foram dispensadas as poucas tropas que lá se achavam, muitas das quais perderam as armas. Morreu muita gente desgraçadamente atropelada pela cavalaria inimiga, e afogada no rio porque cegamente se lançavam a nado, e na passagem da ponte, que se rompeu com o muito peso. Nesta desordem e confusão foi fácil ao inimigo assenhorear-se de uma e outra margem do rio sem resistência alguma.
E com isto, já passa da meia-noite. Ficou assim a Ponte das Barcas atrasada.
(continua amanhã, com comentário)
Vem hoje no Expresso (p. 16): um médico pedófilo, acabou por ser condenado a 4 anos de prisão, com pena suspensa, porque se mostrou "arrependido e envergonhado", considerando, o tribunal, que isso já seria pena suficiente.
Entretanto o médico continua a exercer medicina (e pediatria) num Centro de Saúde, em Lisboa, onde é Médico de Família, e onde os utentes ignoram toda esta história.
A Ordem dos Médicos diz que não pode fazer nada porque o juiz também não o fez.
Só falta que isto faça jurisprudência, de forma a ser aplicado o mesmo critério, no processo da Casa Pia.
Aos 28 mandou por um parlamentario intimar à cidade que se renda; mas este parlamentario foi assassinado pelo povo; e continuaram os ataques do inimigo sobre a Linha.
Por hoje, fico por aqui.
(continua amanhã)
Aos 27 tenta o inimigo alguns ataques sobre a linha das baterias, que defendia a Cidade, os quais foram repelidos.
As províncias de Trás-os-Montes e Entre-Douro-e-Minho haviam começado por ser ocupadas pelas tropas espanholas que acompanharam Junot (toda esta zona tinha sido prometida aos espanhóis pelo Tratado de Fontainebleau.). Cedo porém estes a abandonaram, preferindo ir juntar-se aos rebeldes que começavam a opor-se pelas armas à efectiva ocupação de Espanha pelos franceses.
Começando em Chaves e no Porto, logo no princípio de Junho de 1808, a “restauração” fora-se alastrando por Portugal de Norte a Sul, até atingir 9/10 do território.
Sem as nossas melhores tropas, requisitadas por Napoleão, que com elas formou a famosa “Legião Portuguesa” (e que o acompanhou até à Rússia!), foi ao “povo” que se ficaram a dever os verdadeiros levantamentos populares contra franceses e “afrancesados”. Rapidamente se formaram Juntas nas mais importantes cidades e sob as mais diversas designações – Suprema, Provisória, Legítima, etc. – que se atribuíram a verdadeira regência do Reino. Paisanos, milícias e ordenanças formaram “exércitos” improvisados que, sob a chefia de alguns (poucos) militares, quase todos de baixa patente e, sobretudo, membros do clero – padres, bispos, e abades dos muitos mosteiros que por ali havia – investiram contra os franceses com aquilo que tinham: foices, chuços, piques e algumas raras espingardas, normalmente sem munições. Tudo acompanhado por um verdadeiro movimento de guerrilha, que agia autonomamente.
O ambiente foi levado ao rubro, e ao rubro ficou.
A vitória do Vimeiro, seguida da “extraordinária” Convenção de Sintra, não acalmou os ânimos, antes os acirrou. Com pouco ou nenhum apoio da “Regência”, confortavelmente instalada em Lisboa e, para mais, acusada de conivência com o governo de Junot, o poder caíra literalmente “na rua”, ou seja, nas mãos dos populares.
Assim estava quando, ainda nesse ano, o Marechal Soult foi incumbido por Napoleão de conquistar o território português, e “atirar os ingleses ao mar”.
Depois ... foi o que se viu, e verá.
(Só tenho pena de não me ter lembrado de acompanhar o “Dietário” desde a primeira tentativa desta 2ª invasão, ou seja, desde meados de Fevereiro ... há 200 anos!)
(continua amanhã)
Aos 26 de Março depois de dispersada a Ordenança, passou o Exército inimigo o Rio a seu salvo, e logo mandou uma Divisão rever a margem esquerda do rio até à ponte do Ave, légua e meia pelo rio abaixo, onde recebeu algum dano de uma pequena emboscada, que aí se lhe tinha preparado. Retrocedeu nesse mesmo dia para Santiago de Bougado, saqueando e matando tudo quanto encontrou pelo caminho; e ali pernoitou enquanto o Exército se adiantava sobre o Porto, a cujas trincheiras chegou neste mesmo dia a guarda avançada do Exército.
(continua amanhã)
Depois da “mal amanhada” derrota de Junot no Vimeiro, no Verão de 1808, e tendo as tropas francesas sido “carinhosamente” levadas de volta a França, com armas e bagagens, pelos nossos “queridos aliados”, os franceses tinham jurado voltar.
Junot tinha tomado posse de Lisboa, e pouco mais. O norte estava quase completamente desguarnecido e abandonado pela Regência que, do Rossio, se limitava a incitar os portugueses “às armas!”.
Ora, foi mesmo por aí que Soult, Marechal e Duque da Dalmácia - um dos poucos que Napoleão considerava capaz de levar a cabo um a acção militar importante, independentemente das suas ordens - resolveu entrar em Portugal, em meados de Fevereiro de 1809.
Durante aproximadamente um mês e meio foi o povo português quase sem chefias, armas e dinheiro, e em completa insubordinação, que aguentou com as tropas napoleónicas, defendendo - como podia - primeiro a sua passagem na fronteira e depois a sua marcha até ao Porto.
A história merece ser contada.
Decidi começar a faze-lo dia a dia (é a minha forma de homenagem) socorrendo-me de um manuscrito inédito, o “Dietário do Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro” que passo a transcrever, actualizando apenas a ortografia.
Reza assim o dito Dietário:
A 23, 24 e 25 [de Março] evacuou o inimigo a cidade de Braga, deixando só 600 homens para guarnição da cidade. Marchou em duas colunas sobre o Porto, sendo a principal a que se dirigiu pela Barca de Trofa. A segunda veio à ponte de Negrelos, onde foi detida na noite de 24 pela Ordenança, que lhe matou bastante gente. Mas reforçada na madrugada de 25, e passando o rio a vau, sem serem percebidos, meteram a Ordenança entre dois fogos e mataram cento e tantas pessoas. Logo passou a ponte todo o resto da coluna, que se dividiu em duas, das quais uma seguiu a estrada do Porto, e outra a margem esquerda do rio Ave, por S.to Tirso, onde saquearam e pernoitaram à Barca da Trofa, que defendiam as Ordenanças da Maia comandadas pelo Sargento-mor de Valongo. Constando a este desgraçado chefe a aproximação do inimigo pela retaguarda, mandou retirar as Ordenanças, as quais enfurecidas com esta ordem o assassinaram antes de se retirarem, o que depois fizeram em desordem acossadas pelo inimigo.
(continua amanhã)
Conservadores de Museu e Arquitectos mantêm desde há tempos, no âmbito museológico, uma luta sem quartel. A razão é simples: os conservadores preocupam-se com a obra de arte, os arquitectos com o seu invólucro.
O que vale mais? o estojo ou a jóia?
A recente decisão de transferir a colecção do Museu dos Coches para um novo museu, de arquitectura moderna, e de utilizar o Picadeiro Real para apresentação intensiva de espectáculos de Alta Escola Equestre, irá conduzir fatalmente à destruição de um caso único em que estojo e jóia se complementam, numa atmosfera perfeita, mundialmente reconhecida.
Se os arquitectos levarem a sua avante, contra o parecer dos conservadores, dar-se-á cabo, em pouco tempo, de um edifício que é Património Nacional, sem qualquer vantagem (antes pelo contrário) para o acervo do museu.
Se a melhor escola equestre do mundo é em Viena de Áustria; o melhor museu de coches do mundo é em Belém, Portugal.
Aqui fica a petição que é urgente assinar:
http://www.gopetition.com/petitions/salvem-o-museu-dos-coches.html
(já dizia a minha Avó, que era inteligente: “fato é embrulho, o que interessa é o que está lá dentro”).
Li há dias uma reportagem arrepiante sobre as crianças que morrem esquecidas nos carros dos pais, das mães, dos avós.
O estudo era sobre casos passados nos E.U. Será muito diferente aqui na Europa?.
Mas, o mais arrepiante era a principal conclusão dos peritos: o número de casos destes aumentou esponencialmente desde que se tormou obrigatório levar as crianças, em cadeirinhas, no banco de trás!
Se é assim, é terrível!
Do Evangelho de hoje, 3º Domingo da Quaresma.
Segundo S. João:
Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os vendedores de bois, ovelhas e pombas, e os cambistas nos seus postos. Então, fazendo um chicote de cordas, expulsou-os a todos do templo com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas pelo chão e derrubou-lhes as mesas; e aos que vendiam pombas, disse-lhes: «Tirai isso daqui. Não façais da Casa de meu Pai uma feira.»
O “Rapaz do Mini”
Foi no dia 11 de Março de 1975. Tudo começou ainda de manhã. Ditos, boatos. “É a reacção”. “São os comunas”. “Há tiros”. “É no Ralis”. “Pára-quedistas” “Spínola”. ...
Não era a primeira vez que coisas destas aconteciam. A partir do já então célebre 28 de Setembro (1974), as ameaças e boatos do que uns chamavam “intentonas” e outros “inventonas” sucediam-se. Seria mais uma ? Seria necessário ir, mais uma vez, buscar as crianças às escolas e levá-las para casa ?
Nos empregos, os telefones não paravam. Pequenos rádios a pilhas agitavam-se colados aos ouvidos. Os “controleiros” do PC andavam num virote. Surgiram piquetes de voluntários a revistar as malas das mães que saíam apressadas, na tal tentativa de ir buscar os filhos às escolas.
“ Parece que sim, que há qualquer coisa. Até mortos. Para os lados do aeroporto”.
Já não havia dúvidas. Havia mortos, no Ralis.
Morreu o Soldado Luís, atingido pelos aviões da base já não sei das quantas. O Spínola fugiu para Espanha de helicóptero. O Sanches Osório também desapareceu. Com a secretária. Não há dúvidas. Foi um golpe da reacção.
A História do 11 de Março ainda está por fazer. Muita coisa já se escreveu, mas tudo está ainda muito pouco claro. E a quem interessa que assim fique ?
Só mais tarde se começou a saber a notícia do “rapaz do Mini”. Afinal havia mais um morto. Como foi ? ninguém sabia. Corriam as versões mais díspares.
Mas, começaram a chegar notícias do estrangeiro. As televisões tinham mostrado.
Lá fora. Porque a nossa RTP ... moita !
Só muitos anos depois vi o filme que, no estrangeiro, foi mostrado nas televisões de 10 em 10 minutos. E vi-o uma vez. Que a RTP continua a guardá-lo ciosamente. Não é coisa que surja, nem mesmo em dias de comemorações festivo-revolucionárias.
O que se vê no filme conta-se em poucas linhas: à porta do Ralis soldados de camuflado e G-3 nas mãos agitavam-se dando e cumprindo ordens que não se entendem. De súbito, surge um Mini – a cor, ninguém sabe, que a televisão ainda era a preto e branco – abranda, e para.
À porta.
Dentro, no lugar do condutor, um rapaz, que só se vê de costas. A sua lado uma rapariga – a namorada, disse-se depois. Não chegam a sair do carro. Os soldados aproximam-se e dão-lhe ordem para seguir em frente, agitando as mãos. O Mini põe-se
Mais nada.
Foi tudo filmado. A RTP estava lá. Aliás esteve lá sempre, desde o princípio. Não se vêem caras (ou pelo menos a versão que a RTP difundiu não as mostra). Mas ouvem-se as vozes e vêem-se figuras, pelo que e os autores são absolutamente identificáveis. E as testemunhas são inúmeras.
Mas ...
Quem era o “rapaz do Mini” ?
Quem o assassinou ?
Quem deu as ordens ?
Porquê ?
Durante uns tempos ainda houve jornais – O Diabo foi um deles, mas não o único – que tentaram pegar no assunto. Sem qualquer êxito. Todas as portas permaneceram fechadas. Nenhuma boca se abriu. E ai de quem falasse no assunto, que era imediatamente acusado de estar “feito” com a “reacção”.
O QUE SERÁ QUE ESTÁ POR DETRÁS DESTA HISTÓRIA ???
O rapaz morreu. Era jovem. Tinha um Mini. E uma namorada.
É TUDO.
. Já que ninguem se lembra ...
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